CURRÍCULO | Jurandir Sell Macedo Jr
Doutor em Finanças Comportamentais, pioneiro nesta área no Brasil, possui pós-doutorado em Psicologia Cognitiva pela Université Libre de Bruxelles (ULB).
Foi professor titular do Departamento de Engenharia do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina, onde se aposentou em fevereiro de 2024, tendo ministrado disciplinas em cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado em diversas universidades. De 2003 a 2024, lecionou a primeira disciplina de Finanças Pessoais do país para alunos de todos os cursos da UFSC.
É um palestrante renomado no setor financeiro no Brasil e atualmente é consultor na área de Educação Previdenciária na Fundação ELOS de Previdência Complementar e na Quanta Previdência Cooperativa.
Teve atuação como articulista no Banco do Brasil, de 2007 a 2011, e no programa Uso Consciente do Dinheiro, do Banco Itaú, de 2011 a 2019. Entre 2002 e 2013 foi palestrante do time de especialistas da Expomoney. Foi consultor de educação financeira na Genial Investimentos, e na Corretora Warren e manteve durante 3 anos um quadro semanal fixo no Jornal do Almoço da NSC TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina.
É articulista e faz parte do Conselho Editorial da Revista RI. Foi um dos fundadores da PLANEJAR, que atualmente fornece a mais elevada certificação do mercado financeiro brasileiro. Publicou mais de 800 artigos sobre educação financeira e é autor dos livros “A árvore do dinheiro” (Campus-Elsevier / Insular e atualmente IEF); “O tempo na sua vida” (Saraiva), em coautoria com Fernando Serra; “Finanças Comportamentais” (Atlas), em coautoria com José Morais e Régine Kolinsky; e “Quatro dimensões de uma vida em equilíbrio” (Insular), em coautoria com Martin Iglesias e Denise Hills, traduzido para o espanhol como “4 dimensiones de una vida en equilíbrio” (KDP/Amazon).
Quem sou eu?
Vivi meus primeiros sete anos em uma fazenda em Bocaina do Sul, no interior de Lages, na Serra Catarinense. Lá, o tempo era regulado pela natureza. Acordávamos com o sol e dormíamos um pouco depois do início da noite. Tínhamos apenas um pequeno lampião a querosene para iluminar o ambiente durante o jantar. Antes de dormir, escutávamos um pouco de rádio ou ouvíamos algumas histórias em volta de um fogão de lenha. Que saudade!
Havia muito tempo e muitos tempos: do milho verde, do caqui, da laranja, do pêssego. O mais esperado era o tempo do pinhão, que vinha logo depois das primeiras manhãs brancas das geadas de outono.
Quando completei sete anos, e sendo eu o filho mais velho, meus pais decidiram que era hora de mudar. Fomos para Lages, onde o tempo começou a ficar diferente. Ganhei meu primeiro relógio, para não perder a hora da escola. A hora de acabar nem precisava ser marcada, pois a fome, velho sinal de que era meio-dia, continuava a funcionar mesmo na cidade.
Logo depois do relógio veio a televisão. Com ela, passei, pela primeira vez, a sonhar que o tempo andasse mais rápido para chegar logo a hora de Daniel Boone. Diferente do meu herói, eu não podia mais ter a companhia da minha égua baia, que foi substituída por uma linda bicicleta Peugeot. Com ela nasceu minha grande paixão por bicicletas, que até hoje me faz companhia em horas idílicas.
Anos mais tarde, com a morte do meu pai, o menino teve que virar homem e logo veio a mudança para Florianópolis. Terra estranha que fui aprendendo a amar devagarzinho, onde anos depois conheci Celina, lageana expatriada como eu, e juntos colocamos no mundo um casal de manezinhos.
Com os filhos, o tempo ficou diferente e o futuro, mais presente. A preocupação com o futuro me lançou em uma grande luta para garantir o futuro financeiro de minhas crianças. Nessa luta, o tempo doado ficou pequeno, para que a poupança pudesse crescer.
Aos 39 anos, Celina e eu, com nossas crianças, atravessamos o mundo para fazer um doutorado-sanduíche em Montreal. Foi um ano desafiador e maravilhoso, onde precisei me desconstruir para sobreviver. Voltei ao Brasil trazendo na bagagem um sonho: criar uma disciplina de educação financeira na UFSC.
Não imaginava como esse sonho me levaria longe. Fui pioneiro na área de Finanças Comportamentais, implantei a primeira disciplina de Finanças Pessoais do Brasil e passei 13 anos na mais fantástica experiência profissional que vivi, a Expomoney. O menino que não sabia escrever virou escritor. Escrevi cinco livros, fui colunista do Banco do Brasil por quatro anos e a imprensa abriu suas portas para mim.
Ao me aproximar dos 50 anos, pegamos nossos manezinhos e partimos para um ano sabático na Bélgica, onde eu e Celina fomos alunos de pós-doutorado em Psicologia na Universidade Livre de Bruxelas. Lá, na “melhor parte da Europa”, na pequena sacada do nosso modesto apartamento, tivemos o prazer de passar longas horas com Júlia e Gustavo. Com os olhos de quem tem tempo livre, vi as asas de Júlia e Gustavo se formando.
De volta ao Brasil, entrei em uma desafiadora experiência, o projeto Uso Consciente do Dinheiro do Banco Itaú. Foram oito anos de imensas alegrias, e junto ao maior banco do Brasil pude dar amplitude inimaginada às minhas ideias de educação financeira.
A imprensa continuou me tratando cada vez melhor. Sou colunista da Revista RI desde maio de 2013, fui matéria do Jornal Nacional e do Fantástico. Em 2009, e virei comentarista do Jornal do Almoço da Globo de Santa Catarina, onde permaneci por três anos respondendo, ao vivo, dúvidas dos telespectadores.
As asas de minhas crianças cresceram: Júlia se formou, virou empresária dona de uma padaria de sucesso. Gustavo foi viver na Holanda e depois na Suécia. Antes de acabar a faculdade, montou uma startup de tecnologia financeira, que se fundiu com uma grande empresa onde hoje, aos 27 anos, já é diretor.
Ao chegar aos 60, comecei a pensar na próxima década. Conheci e vivi em lugares incríveis deste planeta, porém, o que me chama é a terra onde nasci. Em março de 2019, finalizei a construção da minha casa na mesma Bocaina do Sul onde nasci. Não é a mesma casa simples de outrora, mas é de lá que no futuro pretendo ver o tempo voltar a passar lentamente como na minha infância.
Em fevereiro de 2024, decidi me aposentar da UFSC e atualmente sou consultor de duas Fundações de Previdência Complementar, ajudando a difundir algo que considero extremamente importante para o futuro do Brasil: assistir na preparação das pessoas para a aposentadoria.
Estou ficando velho, porém, como nunca, sinto minha mente jovial. Tenho muitos projetos e sou fascinado por todos os avanços tecnológicos do nosso tempo. Mantenho meu amor pela bicicleta e, com minha aposentadoria, resolvi colocar os cuidados com a saúde em primeiro lugar, pois espero que esta história ainda tenha muitos parágrafos.
Quero viver muito, porém, mesmo que meus dias não sejam tão longos como desejo, já me sinto um grande privilegiado, pois passei minha infância na Bocaina, onde vivia em pleno século 19, aproveitei um iluminado fim de século 20 em Florianópolis e hoje me encanto com todas as maravilhas do século 21, muitas das quais chegaram a Bocaina. É uma pena, mas acho que não chegarei ao século 22, já que três séculos são o bastante para um homem.